Lenda dos Mortos-Vivos de Valverde
A história que a seguir se conta aconteceu no seguimento da célebre "Batalha de Coruche", como a designaram os Liberais, ou "Batalha de Aguiar da Beira", como ficou conhecida para os Miguelistas, que ocorreu no dia 9 de janeiro do ano de 1827, e cuja vitória coube às forças liberais.
Em consequência desta violenta batalha, ainda se seguiram as escaramuças de Valverde e Barracão, que culminaram com a fuga do Marquês de Chaves, chefe miguelista, para terras espanholas.
Como manda a tradição, após as batalhas, era necessário enterrar os mortos. Mas aí começaram a surgir alguns problemas, os combates tinham ocorrido tanto em terras de Valverde como de Coruche, pelo que não se sabia muito bem onde abrir as sepulturas. Não havendo consenso, decidiram abri-las no campo de batalha, para que os corpos dos soldados mortos em combate pudessem finalmente descansar em paz.
A azáfama era muita e, no meio da confusão e do cansaço, muitos feridos acabaram também por ser enterrados.
Diz o povo de Valverde que, durante muito tempo, as pessoas evitavam estes campos, pois, sempre que passavam por lá, ouviam-se os seguintes lamentos dos soldados:
"Perdoamos a quem nos matou, mas não a quem nos enterrou”.